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Ananda Barata: Estudante de Moda
Laís Lepper: Estudante de Moda

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Vanguardas Artísticas do Século XX

O Impressionismo:

Surgido na França em 1874, o impressionismo foi um movimento artístico que passou a explorar, de forma conjunta, a intensidade das cores e a sensibilidade do artista. A denominação “impressionismo” foi dada após a declaração pejorativa do crítico de arte francês Louis Leroy ao ver a tela “Impression du Soleil Levant”, de Monet, um dos principais artistas do movimento.
Os impressionistas buscavam retratar em suas obras os efeitos da luz do sol sobre a natureza, por isso, quase sempre pintavam ao ar livre. A ênfase, portanto, era dada na capacidade da luz solar em modificar todas as cores de um ambiente, assim, a retratação de uma imagem mais de uma vez, porém em horários e luminosidades diferentes, era algo normal. O impressionismo explora os contrastes e a claridade das cores, resplandecendo a ideia de felicidade e harmonia.

Para os impressionistas, os objetos deveriam ser retratados como se estivessem totalmente iluminados pelo sol, valorizando as cores da natureza. Além disso, as figuras não deveriam ter contornos nítidos e o preto jamais poderia ser utilizado; até as sombras deveriam ser luminosas e coloridas.

Os principais artistas impressionistas foram Monet, Manet, Renoir, Camile Pissaro, Alfred Sisley, Degas, Cézanne, Caillebotte, Mary Cassatt, Boudin, Morisot, etc. No Brasil, o representante máximo do impressionismo foi Eliseu Visconti, o qual teve contato com a obra dos impressionistas e soube transformar as características do movimento conforme a cor e a atmosfera luminosa do nosso país.

Monet

Renoir

Degas


O Impressionismo na Moda:


 John Galliano para Dior – 2007 – Vétheuil by Claude Monet –


Moda e Arte - John Galliano para Dior - 2007 - Vétheuil by Claude Monet - 1901

John Galliano para Dior – 2007 – Bailarinas por trás das coxias – Degas


Moda e Arte - John Galliano para Dior - 2007 - Bailarinas por trás das coxias - Degas

MONET + KRIEMLER: As pinceladas fluidas das telas impressionistas de Claude Monet voltaram às passarelas em 2009, na coleção criada por Albert Kriemler para a grife Akris.

Moda e Arte - Albert Kriemler para Akris 2009 - Monet


O Expressionismo:

expressionismo é um movimento artístico que procura a expressão dos sentimentos e das emoções do autor, não tanto a representação objetiva da realidade. Este movimento revela o lado pessimista  da vida, desencadeado pelas circunstâncias históricas de determinado momento. A face oculta da modernização, o isolamento, a alienação, a massificação se fizeram presentes nas grandes cidades e os artistas acharam que deveriam captar os sentimentos mais profundos do ser humano, assim, o principal motor deste movimento é a angústia existencial.
O maior objetivo é potencializar o impacto emocional do expectador exagerando e distorcendo os temas. As emoções são representadas sem existir um comprometimento com a realidade externa, mas com a natureza interna e as impressões causadas no expectador. A força psicológica está representada através de cores fortes e puras, nas formas retorcidas e na composição agressiva. Desta forma, nem a perspectiva nem a luz importam muito, visto que são propositalmente alteradas.
Algumas raízes expressionistas podem ser encontradas nas pinturas negras de Goya, que rompeu com as convicções com as quais eram representadas as anatomias para mergulhar num mundo interior. Portanto, são referências imediatas Van Gogh e Gaugain, tanto pela técnica como pela profundidade psicológica.
O expressionismo começa com um período preliminar e está representado pelo artista norueguês Munch (autor de O Grito) e pelo belga Ensor.

O expressionismo desenvolveu-se principalmente na Alemanha, onde surgiram importantes grupos de artistas, tais como: Die Brücke (A Ponte), contemporâneo do movimento fauvista francês. Deste grupo, destacam-se Nolde e Kirshner, artistas comprometidos com a política e a situação social do seu tempo.
Outro grupo foi o Der Blaue Reiter (O Ginete Azul), formado em Munich, em 1911, suas obras eram mais subjetivos e espirituais do que as obras do Die Brücke. Os artistas do Ginete Azul pensavam que o sentido e o significado de cada quadro estavam na percepção de cada expectador.
A I Guerra Mundial destrói o movimento, mas não o extingue, são justamente as desgraças da guerra que motivam outros artistas a retratar toda a dor provocada. Outros artistas deste movimento que se destacaram foram Roault, Modigliani e Chagall.


Van Gogh

Expressionismo na moda:

Rodarte faz coleção inspirada em obras do Van Gogh










O Abstracionismo:


Sem depender dos sentidos ou de uma percepção sólida e estática das coisas, a arte abstrata procura expressar, transmitir e mostrar a qualidade e conteúdo de algo, sem forma definida. Não há na arte abstrata o objetivo de representar figuras concretas ou inerentes à realidade.
O abstracionismo  nasceu através de experiências de artistas vanguardistas europeus que fugiam das normas acadêmicas, no início do século 20. O russo Wassili Kandinsky, falecido em 1944, é considerado pioneiro das obras não-figurativas.
A arte abstrata divide-se em fases:
  • Sensível ou informal : Cores e formas são de forte expressão nesta fase. Além de Kandinsky, Franz Marc é o artista mais citado nesta fase.;
  • Tachismo : Manchas e borros expressados dentro de um espaço determinado na obra;
  • Grafismo : Linhas, curvas, traços, pinceladas e todo signo gráfico no contexto abstrato;
  • Orfismo : Expressão ligada à música;
  • Raionismo : Riscos e raios com luminosidade;
  • Abstracionismo geométrico ou formal : Formas e cores dadas a expressão geométrica - Mondrian.
  • Pintura gestual : Pintura que expressa emoções, e execução espontânea diretamente na parede, locais e telas gigantes.



Kandinsky 


Mondrian

O Abstracionismo na Moda:


Em 1965 Yves Saint Laurent produziu o vestido de jersey estampado inspirado no quadro “Composição A”, com cores primárias de Mondrian. O sucesso foi retumbante e se tornou um dos vestidos mais famosos da história da moda.

Mondrian continua a influenciar outras grifes, como Diane Von Furstenberg, Moschino, Kara Ross e até a Nike, que lançou em 2008 o Dunk Mondrian.







O Cubismo:



cubismo começou no ano de 1907, quando Pablo Picasso  terminou seu conhecidíssimo quadro As Senhoritas de Avignon, considerado o ponto de partida deste movimento. Pablo Picasso e George Braque inspiraram o cubismo e dentre os principais mestres podemos citar Fernand Leger, Juan Gris, Albert Gleizes e Jean Metzinger.

O cubismo é um tipo de arte considerada mental, ou seja, desliga-se completamente da interpretação ou semelhança com a natureza, a obra tem valor em si mesma, como maneira de expressão das ideias. A desvinculação com a natureza é obtida através da decomposição da figura em seus pequenos detalhes, em planos que serão estudados em si mesmos não na visão total do volume. Desta forma, um objeto pode ser observado de diferentes pontos de vista, rompendo com a perspectiva convencional e com a linha de contorno. As formas geométricas invadem as composições, as formas observadas na natureza são retratadas de forma simplificada, em cilindros, cubos ou esferas. O cubismo nunca atravessou o limite da abstração, as formas foram respeitadas sempre. As naturezas mortas urbanas e os retratos são temas recorrentes neste movimento artístico.



Durante o desenvolvimento do cubismo há duas principais etapas, são elas:

  1. Cubismo Analítico: caracterizado pela decomposição das figuras e formas em diversas partes geométricas, é o cubismo em sua forma mais pura e de mais difícil interpretação.
  2. Cubismo Sintético: é a livre reconstituição da imagem do objeto decomposto, assim, este objeto não é desmontado em várias partes, mas sua fisionomia essencial é resumida. Algo muito importante nesta etapa é a introdução da técnica de colagem, que introduz no quadro elementos da vida cotidiana (telas, papéis e objetos variados), o primeiro a praticar esta técnica foi Braque.

Os principais pintores cubistas foram o espanhol Pablo Ruiz Picasso (1881-1973), que criou obras como Guernica, Retrato de Ambroise Vollard e Natureza Morta, George Braque (1882-1963), Juan Gris (1887-1927) e Fernad Leger (1881-1955).

Picasso

Braque

Leger

O Cubismo na moda:


PICASSO + SAINT-LAURENT: Pablo Picasso pintou diversos arlequins ao longo da carreira, que depois inspiraram Yves Saint-Laurent a criar várias peças de destaque em suas coleções.


BRAQUE + SAINT-LAURENT: Foram muitas as vezes em que Yves Saint-Laurent se rendeu aos pássaros coloridos e instrumentos cubistas de Georges Braque.





Gloria Coelho e sua coleção sobre o Cubismo:

O desfile aconteceu em 2003, e Gloria usou de trabalhos manuais e chocolates, grande parte com varias aplicações, e também ousou em decotes, peças curtas, além de varias peças vazadas.
"O cubismo e as esculturas cubistas se misturaram na minha coleção com peças artesanais", disse a estilista, que trabalhou com tiras de tecidos que pareciam ter sido moldadas no corpo de tão bem feitas à mão e vazadas.

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O Dadaísmo:


O movimento artístico conhecido como Dadaísmo surge com a clara intenção de destruir todos os sistemas e códigos estabelecidos no mundo da arte. Trata-se, portanto, de um movimento antipoético, antiartístico, antiliterário, visto que questiona até a existência da arte, da poesia e da literatura. O dadaísmo é uma ideologia total, usada na forma de viver e como a absoluta rejeição de todo e qualquer tipo de tradição ou esquema anterior. É contra a beleza eterna, contra as leis da lógica, contra a eternidade dos princípios, contra a imobilidade do pensamento e contra o universal. Os adeptos deste movimento promovem uma mudança, a espontaneidade, a liberdade da pessoa, o imediato, o aleatório, a contradição, defendem o caos perante a ordem e a imperfeição frente à perfeição.
Os dadaístas proclamam a antiarte de protesto, do escândalo, do choque, da provocação, com o auxílio dos meios de expressão oníricos e satíricos. Baseiam-se no absurdo, nas coisas carentes de valor e introduzem o caos e a desordem em suas cenas, rompendo com as antigas formas tradicionais de arte.
Um diretor de teatro, chamado Hugo Ball, e sua esposa criaram um café literário, cujo objetivo era acolher artistas exilados (Cabaret Voltaire), que foi inaugurado no dia 1º de fevereiro de 1916. Ali se juntaram Tristan Tzara (poeta, líder e fundador do dadaísmo) Jean Arp, Marcel Janko, Hans Richter e Richard Huelsenbeck, entre outros. O dadaísmo foi difundido graças à revista Dada e, através dela, as ideias deste movimento chegaram a New York, Berlin, Colônia e Paris.


Duchamp, Fonte
Duchamp, L.H.O.O.Q

Duchamp, L.H.O.O.Q


Quebra de padrões em um contexto atual:


Estilista Rick Owens traz pessoas consideradas ‘fora dos padrões da moda’ para desfilar na passarela na semana de moda de Paris.


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Fauvismo:


O fauvismo é uma corrente artística do início do século XX aliada à pintura, tendo como uma das características a máxima expressão pictórica, onde as cores são utilizadas com intensidade, além de outras, como a simplificação das formas, o estudo das cores. Os seus temas eram leves, e não tinham intenção crítica, revelando apenas emoções e alegria de viver.
 As cores eram utilizadas puras, para delimitar planos, criar a perspectiva e modelar o volume. O nome da corrente deve-se a Louis Vauxcelles. Esse chamou alguns artistas de “Les Fauves” (que significa “feras” em português) em uma exposição em 1905, pois havia ali a estátua convencional de um menino rodeada de pinturas nesse novo estilo.
 Os princípios desse movimento foram:
  • Criar, em arte, não possui relação com o intelecto ou sentimentos;
  • Criar é considerar os impulsos do instinto e das sensações primárias;
  • Exaltação da cor pura.
 Participaram do movimento fauvista os pintores: Henri Matisse, Maurice de Vlaminck, André Derain e Othon Friesz; principais responsáveis pelo gosto do uso de cores puras, presentes no cotidiano atual, em objetos e peças de vestuário.
 O principal representante do movimento Fauvista foi Henri Matisse, que tinha por característica a despreocupação com o realismo, onde as coisas representadas eram menos importantes do que a forma de representá-las.  Por exemplo, “Natureza morta com peixes vermelhos”, pintado em 1911, quando se observa que o importante são as cores puras e estendidas em grandes campos, essenciais para a organização da composição.


Matisse

Fauvismo na moda:


MATISSE + SAINT-LAURENT: O estilista que mais prestou homenagens às artes plásticas certamente foi Yves Saint-Laurent. Estes vestidos são estampados com formas e coloridos típicos da obra de Henri Matisse. Os quadros La gerbe e L’escargot, ambos de 1953, estão aqui para provar.




Futurismo:


O futurismo é um movimento artístico e literário surgido oficialmente em 20 de fevereiro de 1909, com a publicação do Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro. A obra rejeitava o moralismo e o passado. Apresentava um novo tipo de beleza, baseado na velocidade e na elevação da violência.


O slogan do primeiro manifesto futurista de 1909 era “Liberdade para as palavras”, e considerava o design tipográfico da época, especialmente em jornais e propaganda. A diferença entre arte e design passa a ser abandonada e a propaganda é escolhida como forma de comunicação.



O novo é uma característica tão forte do movimento, que este chegou a defender a destruição de museus e de cidades antigas. Considerava a guerra como forma de higienizar o mundo.



O futurismo desenvolveu-se em todas as artes, influenciando vários artistas que posteriormente instituíram outros movimentos modernistas. Repercutiu principalmente na França e na Itália, onde vários artistas, entre eles Marinetti, se identificaram com o fascismo.



O futurismo enfraqueceu após a Primeira Guerra Mundial, mas seu espírito rumoroso e inquieto refletiu no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna e no design gráfico pós-moderno.



A pintura futurista recebeu influência do cubismo e do abstracionismo, mas utilizava-se de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens com a pretensão de dar a ideia de dinamismo.



Na literatura, as principais manifestações ocorreram na poesia italiana, que se dedicava às causas políticas. A linguagem é espontânea e as frases são fragmentadas para exprimir a ideia de velocidade.




Giacomo Balla



Giacomo Balla fala do futurismo na moda:

›´´ Nós devemos destruir a vestimenta tradicional, epidérmica, sem cor, funerária, decadente, chata e doente. (...) As ruas apinhadas, reuniões, teatros, cafés têm uma atmosfera de funeral porque as roupas refletem o miserável e grosseiro humor dos tradicionalistas de hoje. Nós queremos confortáveis e práticas roupas Futuristas, Dinâmicas, Agressivas, Espantosas, Desejadas, Violentas, Voadoras, Ágeis, Alegres, Iluminadas (para ter luz nos dias de chuva), Fosforescentes, Decoradas com lâmpadas elétricas.  ....Como resultado teremos uma grande variedade de roupas mesmo numa cidade onde a população tem a imaginação pobre...`` 

Surrealismo:


O movimento surrealista nasceu no início do século XX, em Paris, fruto das teses de Sigmund Freud, criador da Psicanálise, e do contexto político indefinido que marcou este período, especialmente a década de 20. O Surrealismo questionava as crenças culturais então vigentes na Europa, bem como a postura humana, vulnerável frente a uma realidade cada vez mais difícil de compreender e dominar.
A teoria freudiana tem um grande peso na constituição do ideário surrealista, que valoriza acima de tudo o desempenho da esfera do inconsciente no processo da criação. O surrealismo procura expressar a ausência de racionalidade humana e as manifestações do subconsciente. Além dos dadaístas, ele se inspira também na arte metafísica de Giorgio de Chirico.Esta escola artística e literária se insinua no interior dos movimentos de vanguarda modernistas, englobando antigos adeptos do Dadaísmo – linhagem cultural nascida em Zurique, em 1916, que primava pela irracionalidade, pela censura a toda atitude moderada e era marcada por uma descrença total e um negativismo radical.
Os surrealistas deslizam pelas águas mágicas da irrealidade, desprezando a realidade concreta e mergulhando na esfera da absoluta liberdade de expressão, movida pela energia que emana da psique. Eles almejam alcançar justamente o espaço no qual o Homem se libera de toda a repressão exercida pela Razão, escapando assim do controle constante do Ego.
Os adeptos do Surrealismo se valem dos mesmos instrumentos que a Psicanálise, o método da livre associação e a investigação profunda dos impulsos oníricos, embora se esforcem para adaptar este manancial de recursos aos seus próprios fins. Desta forma eles objetivavam retratar o espaço descoberto por Freud no interior da mente humana, o inconsciente, através da abstração ou de imagens simbólicas.
O marco oficial da instituição deste movimento é o lançamento do Manifesto do Surrealismo, em outubro de 1924, por André Breton, que também o subscreveu. Este documento tinha o propósito de criar uma nova expressão artística acessível através do resgate das emoções e do impulso humano.

O Surrealismo – expressão que foi apresentada inicialmente pelo poeta cubista Guillaume Apolinaire, em 1917 – contava em suas fileiras com nomes famosos como os de Max Ernst,
 René Magritte e Salvador Dalí, nas artes plásticas; André Breton, no campo da literatura; e Buñuel, no cinema. Eles lançam, em 1929, o Segundo Manifesto Surrealista, publicando ao mesmo tempo o periódico O Surrealismo a Serviço da Revolução. Na década de 30 esta escola se expande e inspira vários outros movimentos, tanto no continente europeu quanto no americano. No Brasil ela se torna uma das várias vertentes absorvidas pelo Modernismo. Isto só seria viável a partir do momento em que cada ser conquistasse o conhecimento de si mesmo, para então atingir o momento crítico no qual o interior e o exterior se revelam completamente coerentes diante da percepção humana. Ao mesmo tempo em que o Surrealismo pregava, como os dadaístas, a demolição do corpo social, ele propunha a gestação de uma nova sociedade, sustentada sobre outros alicerces.



Salvador Dalí



O Surrealismo na Moda:

DALÍ + SCHIAPARELLI: Assim que Salvador Dalí mostrou ao mundo sua Vênus de Milo com gavetas, em 1936, Elsa Schiaparelli lançou seu casaco-mesa, que fazia um paralelo com a escultura surrealista, só que com bolsos e botões



 Em 1936, Salvador Dalí criou seu Telefone-lagosta. No ano seguinte, Elsa Schiaparelli estampou em um vestido branco um desenho do mesmo crustáceo, também assinado por Dalí.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Art Nouveau e Art Déco na série Downton Abbey



Com 16 indicações no ano passado e 12 em 2013, “Downton Abbey” é um sucesso de crítica e de audiência, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. O seriado britânico, criado por Julian Fellowes, acompanha a aristocrática família Crawley, que reside em uma propriedade fictícia chamada justamente Downton Abbey, localizada em Yorkshire, durante o reinado de George V, mais especificamente a partir de 1912. Caroline McCall desenvolveu vestimentas sóbrias, mas que representam de forma clara as transformações históricas pelas quais passaram os habitantes do Reino Unido antes e depois da Primeira Guerra Mundial, em especial as personagens femininas.

A cada capítulo admiro mais a forma genial como os figurinistas e hair stylists da série traduzem oeclético clima da transição do art nouveau para o art déco, que marcou a virada da década de 1910 para 1920.

Art Nouveau_Downton Abbey_Painel_ Colher de Chá Noivas

Colher de Chá Noivas 1914 Figurino_Downton Abbey_art deco

Em contraposição, vem a emergência do estilo art déco, pós Primeira Guerra Mundial. Isso porque aquela coisa voluptuosa da Belle Époque ficou fora de contexto depois de tantas mortes e perdas, a decadência geral pedia um estilo mais sóbrio. Surge então a necessidade de simplificar as formas, apostar em modelagens menos sisudas, nas estampas geométricas, nos novos tecidos, como o Jersey, seguindo a máxima do menos é mais. A grande diva, claro, é Chanel, que rompe com o antigo comportamento feminino e defende um novo conceito de elegância: a elegância que vai além da estética, mas a da atitude, um elegância intelectual. Para isso, roupas mais confortáveis, para mulheres que queriam estudar, trabalhar e atuar na sociedade.
Chanel, que chega para romper com um forma de vestir muito relacionada com a opressão feminina da época. Afinal, quer metáfora melhor  do que as cenas em que os corselets são ajustados nas cinturas das mulheres, que tinham de prender a respiração para caber neles?
Pois bem, exatamente na época de Downton Abbey, os looks chanelianos começavam a emergir, com suas cinturas baixas e não marcadas, ausência do corselet, chapéus pequenos e sem abas, e, a maior das novidades: mulheres que vestiam calças! Claro, estes figurinos mais vanguardistas são justamente os que vestem as personagens mais novas da trama, como Lady Mary , Lady Edith, e ainda mais fortemente, no closet da super antenada Lady Sibyl.

painel lady mary

Desfile Outono/Inverno Ralph Lauren inspirado na série Downton Abbey:

A estética sisuda do período entre guerras norteou a coleção de inverno 2012 da Ralph Lauren. As peças da coleção exaltavam tecidos tipicamente ingleses acrescidos de alguns detalhes como broches vintage, lenços nos bolsos e gravatas. Boinas e chapéus de abas curtas completaram os looks masculinos. Também cruzaram a passarela casacos 7/8 de abotoamentos duplos, saias lápis e calças de boca larga. O toque mais luxuoso ficou por conta dos ternos de veludo e das estampas de onça. O final do desfile veio mais feminino, com elegantes longos pretos, fúcsias e dourados.






Desfile completo aqui!